Cycling The Frame, de 1988, é um curta-metragem histórico que documenta o muro de Berlim um ano antes do colapso da União Soviética.

A atriz Tilda Swinton aparece neste filme de Cynthia Beatt, pedalando uma bicicleta ao longo do muro que cortava a capital da Alemanha. Durante o caminho, ela observa com perplexidade aquela obra que dividiu a sociedade alemã e mundial, durante a guerra fria. 


Este filme está disponível na plataforma MUBI, é um daqueles filmes raros de serem vistos, um tipo de cinema que só é exibido em cinematecas, festivais e mostras. 

A grande virtude deste documentário é o registro histórico da engenharia, da arquitetura e da movimentação em torno do muro de Berlim no final da década de 80.

Uma estrangeira na Alemanha, Tilda Swinton, pedala sua bicicleta margeando a construção, e observa o que exatamente acontece ali. A jornada começa e termina no Portal de Brandemburgo, e transita ao longo do território controlado pelos britânicos e franceses.

Tilda percorre o muro, homens observam o outro lado com curiosidade do  alto de uma  torre, do outro lado, blocos de apartamentos estilo soviético, pontos de checagem, arames farpados, prédios abandonados. Tilda diz 'aqui  é tão calmo' - no entanto, havia uma tensão intrínseca ao curta-metragem e sua narrativa , justamente declarada pela existência do muro.

Ela segue sua viagem, recitando para nós seus  pensamentos íntimos.  Eles eram inocentes, mas inconformados. O que aparentemente levara Tilda até ali, era a curiosidade de uma garota que queria conhecer o mundo, uma garota  que  estava aberta  para conhecer,  se encontrar e escutar o outro lado do muro. Ela queria saber na verdade, do que aquilo tudo realmente se tratava. Sua aparente inocência era expressada  pela leveza e delicadeza do movimento da bicicleta e dos seus pensamentos, Tilda Swinton pedalava pelo muro de Berlim como uma sonhadora, mas seus sonhos eram uma forma de enfrentar a existência daquele muro.

O outro lado do muro parecia ser um mistério, e por isso mesmo, algo que nos deixava desconfiados, ameaçados. O ato daquela garota supostamente inocente em  ir até aquele marco divisório, e percorre-lo com uma bicicleta,  era na verdade, um ato que tentava confrontar a lógica daquela construção infeliz.

Um ano depois da realização deste filme, o muro seria finalmente derrubado.

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